Igreja de Nossa Senhora da Luz

Veja as fotos no final do texto!

Segundo a tradição, Pero Martins, natural de Carnide, estava preso em África quando, por diversas vezes, lhe apareceu a Virgem, aureolada de luz, assegurando-lhe que o tiraria do cativeiro e recomendando que, no regresso à terra natal, mandasse erguer, sobre o lugar da fonte milagrosa, dita da Machada, uma ermida com a invocação de Santa Maria da Luz, cuja imagem encontraria no local. Pero Martins foi libertado e regressou a Carnide em 1463. Perto da fonte, encontrou a imagem e obteve autorização do bispo para construir a ermida, o que realizou com as contribuições dos vizinhos. A imagem miraculosa foi solenemente entronizada a 8 de setembro de 1464.

A igreja de Nossa Senhora da Luz, um dos mais importantes testemunhos da arquitetura maneirista em Portugal, foi construída por iniciativa da Infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel I e de D. Leonor, na segunda metade do século XVI, no lugar da antiga ermida, construída por iniciativa de Pero Martins . D. Maria ordenou, ainda, a construção de um convento e de um hospital para apoio aos doentes e peregrinos do santuário.
A igreja da Luz foi projetada por Jerónimo de Ruão, com prováveis contributos de seu pai, João de Ruão, e de Francisco de Holanda, sendo considerada um dos mais relevantes exemplos da arquitetura maneirista em Portugal. Com um convento anexo, terá sido um conjunto de grandes dimensões, ocupando a igreja toda a superfície do adro que atualmente se abre defronte da fachada. O terramoto de 1755 danificou o corpo da igreja e o convento.

A atual fachada principal, virada a Este, foi construída em 1870, com projeto do arquiteto Valentim José Correia. Na fachada Sul, num plano reentrante e em cota subterrânea, encontra-se um tanque ligado à fonte, o qual é encimado por um nicho com a imagem da Virgem com o Menino no lugar onde terá ocorrido a aparição. Um vão lateral dá acesso à escadaria com silhar de azulejos hispano-árabes e um arco manuelino, vestígios da antiga capela, junto à fonte. O interior, maneirista, corresponde à capela-mor, muito profunda, com abóbada de berço decorada com quadrelas e caixotões de calcário lioz e vermelho da Arrábida, e ao transepto da primitiva igreja. O retábulo, arquitetónico e de talha dourada, integra pinturas atribuídas a Francisco Venegas e Diogo Teixeira. Os painéis laterais do retábulo têm iconografia mariana: Aparição, Apresentação da Virgem no templo, Visitação e Adoração dos pastores. O painel central, sobre o sacrário, representa a Aparição de Nossa Senhora da Luz, o tema da invocação da igreja. Nos tondos do topo, estão representadas as cenas da Apresentação do Menino no templo, a Adoração dos Magos e a Coroação da Virgem. No retábulo, ao centro, abre-se um vão comunicante com a igreja e com o retrocoro (atualmente, transformado em sacristia), onde se insere uma maquineta que integra o sacrário e, sobre ele, a imagem de Nossa Senhora da Luz. No altar, seis painéis apresentam alegorias às Virtudes. Sobre ele, a banqueta é revestida com embutidos de mármore.

Nas paredes laterais da capela-mor, duas capelas centradas e confrontantes têm pinturas alusivas à Circuncisão e à Sagrada Família, atribuíveis respetivamente a Fernão Gomes e a Diogo Teixeira. Na capela-mor, no lado do Evangelho, encontra-se a sepultura simples com os restos mortais da Infanta D. Maria e, no chão, existe uma pequena abertura circular faz sobre a fonte.
Na capela-mor e na ligação ao arco-cruzeiro encontram-se, em nichos, as estátuas dos Apóstolos. No transepto, laterais ao arco triunfal e abertas sobre a nave, encontram-se duas capelas com altares de mármore encimados de quadros com a representação de São Bento dando a regra aos frades de Cristo e às freiras da Encarnação no lado do Evangelho, e Bom Jesus ou Santo Cristo, no lado da Epístola. No corpo da igreja, no topo do lado do Evangelho, existe uma lápide com inscrição relativa ao sepultamento da infanta. Duas portas, uma de cada lado do altar na capela-mor, comunicam com o espaço da atual sacristia, um espaço amplo também com um altar elevado. Do antigo convento, subsiste o primeiro piso da fachada alongada, com vinte e seis janelas gradeadas, das quais, três se encontram integradas num corpo saliente de cantaria, e um pórtico igualmente emoldurado em cantaria. Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento passou para a posse do Estado, sendo transformado em quartel de Cavalaria. Atualmente é gerido pela Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar.

Texto retirado de: https://ecarnide.hypotheses.org/patrimonio/igreja-de-nossa-senhora-da-luz

A partir de 1918, a Igreja, restaurada na sua configuração atual, tornou-se a sede da paróquia de Carnide, substituindo a Igreja de São Lourenço (a Igreja de Nossa Senhora da Luz é oficialmente a sede da Paróquia de Carnide desde 1913, porém só começou a funcionar como tal em 1918. ). As ruínas das antigas instalações foram parcialmente demolidas, abrindo espaço para a criação de um pequeno adro.

Vídeo da Igreja de Nossa Senhora da Luz